Após o boom de 2023, IA generativa mostra que veio para ficar

Publicado originalmente na newsletter InsperTech em 07/02/2024

Com previsão de taxa de crescimento anual de mais de 20%, o mercado de ferramentas como ChatGPT e Midjourney deve alcançar 207 bilhões de dólares até 2030

Estamos na era da inteligência artificial (IA). Em curto espaço de tempo, essa tecnologia saiu da ficção científica para as mãos de milhões de pessoas. Tornou-se trivial interagir diretamente com ferramentas capazes de produzir textos, imagens e vídeos a partir de instruções — ou prompts — que, embora tenham suas idiossincrasias, podem ser redigidas por qualquer pessoa sem conhecimento de programação. Essa popularidade remodelou a indústria de tecnologia, elevando a OpenAI, empresa que criou o ChatGPT, ao status de referência do mercado e incentivando investimentos substanciais de gigantes como Google, Meta e Microsoft.

Lançado em novembro de 2022, de modo relativamente discreto, o ChatGPT chegou ao público como um aplicativo web gratuito. Em janeiro do ano seguinte, a ferramenta se tornaria o webapp de crescimento mais rápido já registrado, permitindo que qualquer usuário com um navegador pudesse acessar uma das redes neurais mais poderosas já construídas. Em fevereiro, tanto a Microsoft quanto o Google anunciaram planos concorrentes para integrar IA generativa às suas ferramentas de busca, remodelando nossas interações diárias com a internet.

As demonstrações iniciais, porém, não foram perfeitas. O Bing Chat, da Microsoft, gerou respostas absurdas, enquanto o Bard, do Google, cometeu erros factuais em sua apresentação promocional. Desde então, tanto a Microsoft quanto o Google foram além da busca, colocando assistentes baseados em IA generativa ao alcance de bilhões de usuários por meio de seus softwares de escritório. Além disso, a Microsoft e a Meta lançaram modelos de geração de imagens que permitem a criação de ilustrações com apenas algumas instruções simples, capazes até mesmo de criar a impressão de se tratar de uma fotografia real.

De acordo com o site de inteligência de dados Statista, a previsão é que o tamanho do mercado de IA generativa alcance 66 bilhões de dólares em 2024. É esperada uma taxa de crescimento anual de mais de 20%, resultando em um volume de mercado de 207 bilhões de dólares até 2030. A maior fatia desse mercado encontra-se nos Estados Unidos, que atingiu 16 bilhões de dólares em 2023 e que deve ultrapassar 23 bilhões em 2024.

Para gerar conteúdo, a IA generativa consome grandes conjuntos de dados compostos por textos, imagens, vídeos e músicas. Ao aprender os padrões e estruturas desse material, os modelos de IA são capazes de imitá-los e produzir novos conteúdos com aparência realista, reproduzindo a distribuição de dados do conjunto com o qual foram treinadas. Tal processo gerou questionamentos e críticas sobre plágio e sobre se as empresas que desenvolvem os modelos de IA tiveram acesso legal aos textos e imagens originais utilizados para treinar suas ferramentas ou se houve violação de propriedade intelectual. Exemplo disso é a ação movida pelo jornal New York Times contra a Microsoft por uso de conteúdo jornalístico autoral sem permissão para abastecer o ChatGPT.

As críticas, porém, não parecem desacelerar o crescimento da inteligência artificial generativa, impulsionado pelos avanços no campo do aprendizado de máquinas, que torna os sistemas capazes de “aprender” conforme são utilizados. De acordo com o relatório do Statista, as tendências atuais incluem o desenvolvimento de modelos intermediários, entre os pré-treinados, como o GPT-3, e os modelos totalmente personalizados. Tais modelos utilizam técnicas para compreender as entradas do usuário, manter o contexto e gerar respostas mais coerentes e relevantes.

As expectativas, no entanto, não se limitam ao campo da produção de conteúdos. Na área de saúde, por exemplo, a IA generativa pode facilitar a síntese de novos compostos medicinais, auxiliar na análise de imagens médicas ou contribuir na elaboração de planos de tratamento personalizados. No entanto, uma preocupação significativa é o potencial uso malicioso, como a geração de conteúdo midiático realista, porém falso, para a disseminação de desinformação ou o cometimento de crimes.

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